Quem foi Francis Bacon?
Francis Bacon (1909-1992) foi um dissidente que rejeitou o estilo
artístico de abstração preferido da época, em favor de um realismo distinto e perturbador. Enquanto crescia, Bacon teve um relacionamento difícil e
ambivalente com seus pais – especialmente com seu pai, que lutou contra a
homossexualidade emergente de seu filho.
Isso contribuiu para uma infância conturbada; ele fugiu da escola e,
subsequentemente, vagou pelo final da década de 1920 e início dos anos 30
em Londres, Berlim e Paris, vivendo de sua mesada e empregos ocasionais e
se esquivando do aluguel. Quando em Londres, ele viveu no epicentro da cena boêmia, tendo levado uma vida hedonista.
A partir de meados da década de 1940, seu trabalho teve sucesso de
crítica, estabelecendo sua reputação. Hoje é reconhecido como um dos
pintores mais importantes do século XX. Bacon não se tornou um artista por
nenhum caminho tradicional: ele não frequentou a escola de arte, por exemplo, ou serviu um aprendizado convencional. No início da vida profissional, ele trabalhou com design de interiores, mas decidiu abandonar isso e começar a pintar depois de ver uma exposição de Picasso na galeria de Paris de Paul Rosenberg no final dos anos 20.
As representações de Picasso do corpo como estruturas biomórficas
semelhantes a ossos revelaram a Bacon as “possibilidades da pintura”. Mais
tarde, ele reconheceu Picasso como uma influência chave e ponto de
referência. Mas Bacon teve maior visibilidade quando o tríptico (três quadros de um mesmo conjunto), “Três Estudos para Figuras na Base de uma Crucificação” de 1944, foi exibido pela primeira vez no final da guerra em 1945, o que garantiu a reputação de Bacon. Chris Stephens, Chefe de Exibições e Curador Principal, Arte Britânica Moderna na Tate Britain, chamou a obra de “um ponto de viragem na história da arte britânica”. É uma obra que foi vista imediatamente como uma resposta brutalmente franca e terrivelmente pessimista à Segunda Guerra Mundial.
Apesar disso, o próprio artista disse inúmeras vezes, nas várias
entrevistas que concedeu ao crítico inglês David Sylvester, entre 1962 e 1986, que suas imagens não buscavam comunicar mensagem filosófica alguma sobre a condição humana – “eu não estou dizendo nada”, é o que o artista costumava declarar constantemente. “Três Estudos para Figuras na Base de uma Crucificação” foi exibido pela primeira vez em abril de 1945 e, embora os dois não estivessem diretamente relacionados, o fato de essa pintura ter sido revelada no mês em que os campos de concentração foram revelados ao mundo, fez que fosse entendida como uma declaração da brutalidade e sofrimento humano.
Falando sobre esse trabalho em uma entrevista em 1955, o artista disse: “Não tenho sentimentos religiosos, mas ao mesmo tempo eu [iria] fazer uma crucificação e colocar essas figuras em torno da base dela. E a única razão pela qual usei a crucificação [foi] porque era uma armadura na qual eu poderia pendurar certas sensações.” Apesar das próprias alegações, as intenções ou ausência delas nas obras de Francis Bacon permanecem objeto de estudo.
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